Nascido em 1992, no bairro do Capão Redondo, Zona Sul de São Paulo, Mailson Soares é um diretor de fotografia com mais de 14 anos de experiência na indústria audiovisual. Sua carreira é marcada por colaborações com notáveis figuras do cinema e da música, incluindo Snoop Dogg, Masego, Quincy Jones, Scottie Pippen, Polo G, Ludmilla, Mano Brown, Djonga, Dexter, entre outros.
Começou sua trajetória em 2007, quando ingressou no projeto audiovisual direcionado a jovens de baixa renda, o Instituto Criar. “Foi um ano muito importante onde todos os dias, de segunda a sexta feira, eu cruzava a cidade para estudar Iluminação e Direção de Fotografia”, relembra. Em paralelo, estudava Elétrica Audiovisual no Senai e, com essa base, conseguiu um estágio de 1 ano na TV Cultura. Depois que o estágio acabou, passou a trabalhar em uma locadora de equipamentos com o intuito de aprender sobre outros equipamentos e, assim, as portas foram se abrindo para novas oportunidades e projetos.
“Minha maior realização foi ter me tornado um artista com muita curiosidade em aprender. Quando eu tive esse entendimento, eu me senti extremamente realizado e isso me motivou a seguir explorando e aprendendo das maneiras que eu encontrava”, conta. “A maior dificuldade da época era conseguir me colocar dentro desse mercado de uma maneira valorizada, demorava até eu conseguir a confiança das pessoas e mostrar o meu trabalho. Porém, quando isso acontecia, era mais uma conexão que iria ter retorno. Trabalhar e viver dessa forma é cansativo e faz o processo ser um pouco mais lento, porém eu consegui estrategicamente ir evoluindo e me valorizando para estar na posição atual”.
Em 2015, após já estar estabelecido no mercado brasileiro, Mailson tomou a corajosa decisão de recomeçar sua carreira, mudando-se para Los Angeles, na Califórnia. Mesmo enfrentando desafios iniciais, como a barreira social, cultural e do idioma, ele eventualmente se consolidou na indústria audiovisual global.
“Mudar para Los Angeles foi mais um passo ousado do que uma ideia. Eu estava em um momento onde já tinha entendido que para obter sucesso nessa indústria era necessário investimentos e existiam muitas barreiras sociais que não me permitia acessar uma outra camada”, conta. “A carreira foi se desenvolvendo do zero e evoluindo conforme eu ia aprendendo as coisas necessárias como idioma, relação com americanos da indústria, tecnologia, informação técnica, linguagem cinematográfica… Eu fiquei quase 3 anos trabalhando em ‘outros empregos’ e em paralelo desenvolvendo a minha linguagem até que pudesse ter bagagem o suficiente para atuar na área novamente. Hoje, como artista e empresário, eu valorizo muito cada uma das fases e consigo claramente ver o impacto artístico disso em cada obra realizada”.
Uma das suas maiores realizações foi ter filmado o músico Snoop Dogg pela primeira vez em 2018. “Cinco anos antes disso acontecer, eu tinha tido essa conversa com um amigo sobre trabalhar com Snoop no futuro e ele me disse: ‘quando isso acontecer, você tem que me mandar uma foto’. Poder viver algo que você manifestou em trabalhou em prol é algo muito especial”.
Em 2020, lançou seu canal no YouTube intitulado Do Capão a Hollywood, no qual utiliza a plataforma para compartilhar conteúdos que exploram sua vida e experiências. Seu objetivo é disseminar conhecimento especialmente para sua audiência, que em grande parte é composta por pessoas pretas e oriundas de comunidades periféricas.
“Eu criei o canal com o objetivo de dar vida aos meus próprios projetos pessoais através do meu olhar e experiência, espalhar nossa cultura e de certa forma trocar informações com as pessoas de favelas e não favelas do mundo todo. A combinação do lugar onde eu cresci com o lugar onde vivo por mais de 8 anos. Isso tem agregado muito na minha carreira, além de me conectar com pessoas e histórias reais, é onde eu consigo conciliar tudo que aprendi e criar sem filtros para as pessoas que me acompanham. É uma plataforma aberta que também serve de portfólio para aqueles que têm o interesse em me conhecer em uma camada profissional porém um pouco mais pessoal.”
Com o projeto de entrevistas sob o nome de “Favela Made”, ao lado dos curadores Tainá Ramos e Maykon Soares, a escolha dos entrevistados é cuidadosamente fundamentada em uma pesquisa que considera figuras de diversos lugares e áreas, valorizando a troca de informações e a relevância social no contexto da expansão cultural. “O foco está sempre em explorar tópicos que, de alguma forma, possam auxiliar as pessoas a expandirem seu modo de pensar”. Os entrevistados são especialistas em suas respectivas áreas, abrangendo campos como Artes Plásticas, Espiritualidade, Saúde Mental, Música, entre outros.