12 de março de 2025, 08:14:54

Governo lança apoio a cursinhos populares voltados a alunos negros e de escolas públicas

A Rede Nacional de Cursinhos Populares (CPOP) vai investir R$ 74 milhões em 324 cursinhos populares até 2027; política foi proposta pelo movimento negro


Governo lança apoio a cursinhos populares voltados a alunos negros e de escolas públicas

A imagem mostra um rapaz negro de costas, sentado em uma sala de aula. — Reprodução/Agência Brasil

Nesta segunda-feira (10), o Ministério da Educação (MEC) lançou a Rede Nacional de Cursinho Populares (CPOP), programa educacional de incentivo a cursos pré-vestibulares. A política pública foi proposta pelo movimento negro em 2023.

O programa visa garantir a assistência técnica e financeira para a preparação de jovens e adultos da rede pública que buscam ingressar no ensino superior, principalmente pelo Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).

A política é direcionada aos estudantes socialmente vulnerabilizados oriundos de escolas públicas com renda familiar per capita de até um salário mínimo, negros, indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência (PCD). 

Com um aporte de R$ 74,5 milhões, a iniciativa apoiará cerca de 324 cursinhos populares até 2027. O montante será destinado ao suporte financeiro para as turmas, materiais didáticos, formação e a capacitação de professores e gestores.

O CPOP incluirá o pagamento de um auxílio mensal de R$ 200 aos estudantes, para o apoio à permanência nos estudos. A medida também prevê uma premiação, a ser realizada pelo MEC, que irá gratificar cursos que mantiverem o controle da evasão dos alunos e os que possuírem o maior número de aprovados em instituições de ensino superior.

Também serão premiados aqueles que obtiverem a maior quantidade de aprovados em cursos de licenciatura com notas no Enem acima de 650 pontos. O valor extra de R$ 200 mil será concedido aos cinco cursinhos que atingirem os requisitos da premiação.

Cerca de 1.200 estudantes da Uneafro Brasil se reuniram para participar do tradicional "Aulão inaugural" na Universidade de São Paulo (USP).
Cerca de 1.200 alunos do cursinho pré-vestibular da Uneafro Brasil se reuniram para participar de “aulão” na Universidade de São Paulo (USP), em abril de 2024. (Guilherme Franco/Alma Preta)

Para Stefany Lourenço, coordenadora de núcleos da Uneafro Brasil, o novo programa trata-se de um reconhecimento do trabalho efetuado pelos cursinhos populares e uma forma de garantir o maior acesso de jovens negros e periféricos ao ensino superior.

“Mesmo com a criação, no primeiro governo do presidente Lula, do Sisu do ProUni e o fortalecimento do FIES, ainda há uma lacuna, um espaço vago entre o final do ciclo do ensino médio e a realização das provas de vestibular e do ENEM, que sempre colocou o nosso povo preto, pobre e trabalhador numa condição desigual na disputa pelas vagas. Por isso o apoio aos cursinhos populares é tão importante, pois contribui com a organização da sala de aula, da coordenação do projeto e também diretamente com os estudantes, que terão um valor de R$ 200 mensais”, explica à Alma Preta.

Política para cursinhos populares foi proposta pelo movimento negro

A criação do programa federal ocorreu após articulação da União de Núcleos de Educação Popular para Negras/os e Classe Trabalhadora (Uneafro Brasil), que, em 2023, realizou a Primeira Jornada Nacional pela Equidade Racial na Educação. 

À época, mais de 150 professores, estudantes e coordenadores dos Núcleos de Base da organização entregaram uma série de reivindicações ao ministro da Educação, Camilo Santana. O documento incluía a criação de um programa nacional de equidade racial na educação e o fomento de cursinhos populares para a democratização do acesso às universidades públicas. 

“Por isso nossa participação no lançamento desse programa significa bem mais do que celebrar essa conquista, mas principalmente reiterar a necessidade de ver de perto a implantação e promover um bom acompanhamento desta política pública”, complementa a coordenadora de núcleos da Uneafro Brasil.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população negra com diploma universitário é inferior à metade da população branca. 

Mesmo com a persistente desigualdade racial na educação superior, o percentual de negros diplomados aumentou mais de cinco vezes de 2000 a 2022, saltando de 2,1% para 11,7%. Para brancos, a taxa de conclusão do ensino superior foi de 25,8%. 

Fonte: Alma Preta


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