- 25 de agosto de 2025
Cena do filme "A Lenda da Rainha Errante de Lagos". — Leo Purman
Entre os dias 10 e 15 de setembro, o Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB RJ) recebe pela primeira vez a Mostra de Cinemas Africanos (MCA), único festival continuado no Brasil dedicado exclusivamente à exibição de filmes africanos contemporâneos. A programação faz parte da Temporada França-Brasil 2025 e contempla, além da capital fluminense, as cidades de Salvador e Cachoeira, na Bahia, e São Paulo.
Em oito anos de atuação, a mostra já percorreu seis cidades brasileiras e agora estreia no Rio com uma seleção de 15 longas e cinco curtas de 11 países africanos. Serão exibidos títulos que passaram por importantes festivais internacionais como Cannes, Locarno, Tribeca e Berlinale — a maioria inédita no Brasil.
As sessões revelam a diversidade do continente africano, reunindo diferentes estéticas, temas e linguagens, com narrativas que transitam entre o drama político, o fantástico e a crítica social. A curadoria é assinada por Ana Camila Esteves, idealizadora da mostra, e pela ganense Jacqueline Nsiah, integrante do comitê de seleção da Berlinale.
Entre os destaques estão o filme de abertura “O Fardo da Nigéria”, seguido de debate com a diretora Ema Edosio; “Demba”, novo longa do premiado diretor senegalês Mamadou Dia; e o aclamado “Sobre Quando Quebrei o Silêncio”, produção da A24 dirigida por Rungano Nyoni, conhecida no Brasil por “Eu Não Sou uma Bruxa”.
Com estreias mundiais nos festivais internacionais de Locarno 2025, Berlim 2024 e Cannes 2024, respectivamente, estes filmes ganham as telas brasileiras na programação da mostra.
Outro destaque da curadoria nesta edição é o foco especial na cinematografia nigeriana, batizado de Naija Focus. “Naija” é um apelido carinhoso que as nigerianas e os nigerianos usam para se referir ao seu país – uma palavra que carrega orgulho, identidade e pertencimento.
Além do filme de abertura, o foco traz outros três longas: “A Lenda da Rainha Errante de Lagos”, fantasia urbana do Agbajowo Collective que teve estreia mundial no TIFF; “O Fim de Semana”, de Daniel Oriahi, um suspense que investiga as dinâmicas da classe média nigeriana, exibido em Tribeca; e “A Estrada da Liberdade”, de Afolabi Olalekan, que denuncia a corrupção policial e também passou pelo TIFF.
O Naija Focus inclui ainda cinco curtas selecionados em parceria com o S16 Film Festival — evento de Lagos dedicado a novas vozes e linguagens — e uma sessão especial de “Mami Wata”, de C.J. Obasi, com presença da diretora de fotografia brasileira Lílis Soares, premiada em Sundance por este trabalho. A mostra propõe, assim, um mergulho no imaginário nigeriano contemporâneo, que desafia estereótipos ao misturar crítica social e liberdade estética.
A programação no CCBB RJ conta também com um minicurso ministrado por Ana Camila Esteves sobre o cinema nigeriano. A atividade oferece uma imersão crítica em Nollywood — uma das maiores indústrias cinematográficas do mundo — abordando seu contexto histórico, estratégias de mercado, narrativas populares e presença em plataformas de streaming.
Para conferir a programação completa, acesse o site da Mostra de Cinemas Africanos aqui.
Fonte: Alma Preta