13 de outubro de 2025, 20:14:58

Mostra inédita em São Paulo apresenta cultura de terreiro no cinema negro

Inspirado em Abdias do Nascimento, programação discute representações afro-brasileiras em obras audiovisuais


Mostra inédita em São Paulo apresenta cultura de terreiro no cinema negro

Cena do filme "Exu Rei", de Bárbara Vento, em homenagem a Abdias do Nascimento. — Divulgação/Cineclube Aruanda

Entre 22 e 26 de setembro, o Terreiro Aruanda, em São Paulo, promove a primeira edição do Cineclube Aruanda, com apoio da Spcine. O projeto apresenta e debate obras que marcaram o cinema brasileiro e carregam simbologias da cultura de terreiro, guiado pelo tema “O Terreiro na Tela – História, ancestralidade e resistência”, propondo reflexões sobre sociedade, política, estética e os saberes produzidos em espaços de preservação da memória afro-brasileira.

A sessão “Resistência & Axé – Abdias e Bulbul na Construção do Cinema Negro”, abre a programação do Cineclube Aruanda na segunda-feira (22), à partir das 20h, com a exibição do curta-metragem “Exu Rei”, em homenagem ao Teatro Experimental do Negro, fundado por Abdias do Nascimento, um dos intelectuais mais expressivos na luta pela igualdade racial no Brasil. O filme, da cineasta Bárbara Vento, é marcado por entrevistas com personalidades como Zózimo Bulbul, primeiro homem negro a ser protagonista de uma novela brasileira. A sessão propõe refletir sobre a representatividade negra no cinema e a construção de uma estética afrocentrada.

O filme “Cidade de Deus”, um grande marco do cinema brasileiro, também está na programação sob uma nova perspectiva. Na sessão “O terreiro nas entrelinhas de Cidade de Deus”, a ideia é olhar para as camadas espirituais do filme e discutir como a religiosidade afro-brasileira aparece nas margens e nas periferias urbanas. O bate-papo terá a participação do fotógrafo Renato Nascimento, responsável pelas imagens do personagem Buscapé (Alexandre Rodrigues) na série que dá continuidade ao filme.

As obras “Orí” (Beatriz Nascimento e Raquel Gerber), “Besouro” (João Daniel Tikhomiroff), “Cafundó” (Paulo Betti e Clovis Bueno) e “Umbanda – Brasil em transe” (Produtora Canal Azul) também estão na programação do Cineclube Aruanda, em sessões que debatem a relação entre terreiros e quilombos, pretos velhos,  capoeira e sincretismo nas culturas de matrizes africanas. As obras contribuem para reforçar a relação do cinema com a lógica dos terreiros, ambos reforçam a sacralidade do corpo negro, a força da memória viva e o valor da coletividade. 

As sessões serão finalizadas com rodas de conversa mediadas por David Dias, mestre em Ciência da Religião e Pai de Santo do Terreiro Aruanda, comunidade negra de Umbanda que atua como um espaço de sociabilidade, resistência, transmissão e preservação de saberes afro-brasileiros.  

A iniciativa reforça o terreiro como espaço cultural e político, trazendo obras que valorizam a ancestralidade negra. O projeto busca ampliar o acesso a produções que, muitas vezes, não alcançam visibilidade nos circuitos comerciais, promovendo debates que estimulam o pensamento crítico e enriquecem o repertório cultural do público. 

“O Cineclube Aruanda nasce para reafirmar o terreiro como território de formação sociopolítica, memória e educação, onde o audiovisual se afirma como linguagem de resistência e valorização dos saberes negros”, afirma David Dias.

O Cineclube Aruanda  conta com o apoio da Spcine, Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa, Prefeitura de São Paulo e realização da Lei Paulo Gustavo e Ministério da Cultura.

Serviço

Cineclube Aruanda

Quando: de 22 a 26 de setembro

Onde: Terreiro Aruanda – Rua Silva Bueno, 991, Ipiranga, São Paulo – SP

Horário: sessões às 20h, sempre com abertura dos portões às 18h. A retirada de ingressos gratuitos deve ser realizada com antecedência pelo Sympla.

Confira a programação completa na página do Cine Clube Aruanda no Instagram.

Fonte: Alma Preta


Mais