- 5 de novembro de 2024
Foto: Silvia Nascimento/Mundo Negro
Raul Santiago, ativista e empreendedor social, foi nomeado embaixador da Agro Mil Experience, da associação Adial Goiás, após participar do 2º Agro-Mill Experience, uma imersão promovida pela organização que visa aproximar influenciadores e formadores de opinião da realidade do agronegócio goiano. Em suas redes sociais, Raul compartilhou suas impressões sobre o evento e o impacto de sua nova posição.
“Na semana passada tive a honra de participar do #AgroMillExperience, realizado pela Adial Goiás e agora como embaixador dessa imersão, que teve como objetivo mostrar a potência, diferença e mudanças que estão sendo radical e tecnologicamente aplicadas nas agroindústrias de Goiás”, declarou Raul.
O Agro-Mill Experience percorreu diversas cidades de Goiás, visitando indústrias, fazendas e áreas de preservação ambiental, proporcionando aos participantes uma visão aprofundada das inovações climáticas, ambientais e humanas aplicadas ao setor. Raul ressaltou a importância dessa troca de olhares entre diferentes realidades, apontando o impacto positivo que ela pode gerar. “Obviamente ainda há muito a ser feito, porém conectar esse conjunto de olhares das pessoas convidadas que são comprometidas com seus lugares, crenças e lutas, para verem por dentro da estrutura de forma direta, é um passo central para gerar impactos positivos e reais nessas três realidades.”
Raul, que vem das favelas do Rio de Janeiro e é apaixonado por agronomia, destacou o valor de conhecer de perto o cotidiano do agronegócio no interior de Goiás. “Enquanto cria dos becos e vielas de uma favela do Rio de Janeiro e apaixonado por agronomia, poder mergulhar na realidade dos crias do centro-oeste, em especial no interior, pelas estradas de chão que cruzam a roça do cerrado, tem me trazido grandes aprendizados, sinceramente.”
Ele também expressou sua empolgação em poder pautar questões que precisam de mudanças no setor, ao mesmo tempo em que se surpreendeu com as soluções já existentes que podem servir de exemplo para áreas mais complexas. “Estou empolgado em poder estar pautando de perto situações que precisam ser mudadas, porém ainda mais empolgado com o tanto de soluções já existentes, que podem inclusive ser espelho de uma área tão complexa.”
A nomeação de Raul como embaixador da Agro Mil Experience reflete o compromisso da associação em promover diversidade e inclusão em suas iniciativas, além de encurtar as distâncias entre diferentes realidades. Ele reconheceu o trabalho feito por Edneusa Pereira Lins (@neusinhapereiranp) e Edwal Portilho (@edwalportilho) para fazer essa imersão acontecer. “O que a @neusinhapereiranp tem provocado ao construir essa ideia, junto com o @edwalportilho que tem feito acontecer, é um marco histórico no encurtamento de distância entre diferentes realidades, para que neste encontro se veja onde é possível seguir fazendo mudanças.”
A experiência de Raul Santiago no Agro-Mill Experience como embaixador representa um passo significativo na transformação do agronegócio brasileiro, mostrando como o diálogo entre diferentes setores da sociedade pode gerar mudanças positivas.
Com a crescente relevância das pautas de ESG (Ambiental, Social e Governança) no cenário global, o agronegócio brasileiro está no centro de discussões sobre a necessidade de adaptação a novos padrões de sustentabilidade e responsabilidade social. O setor, que é um dos pilares da economia do país, respondendo por mais de 26% do PIB nacional e gerando milhões de empregos diretos e indiretos, está sendo pressionado a incorporar práticas que vão além da produção e lucro, integrando compromissos ambientais e sociais em suas operações.
A entrada de Edneusa Pereira Lins no conselho da Adial Goiás como a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira dedicada ao ESG é um reflexo dessa transformação necessária. A Adial, que representa 85% do PIB industrial de Goiás, é uma força central na articulação de políticas que integram a indústria e o agronegócio. Agora, com Edneusa à frente dessas discussões, o foco em ESG no agronegócio ganha mais relevância, trazendo à tona questões como equidade racial, de gênero e preservação ambiental.
Edneusa, que também idealizou e co-produziu o 2º Agro-Mill Experience — um evento que aproximou influenciadores e formadores de opinião da realidade do campo —, entende a importância de promover a inclusão e a inovação no desenvolvimento do setor. Durante o evento, as inovações tecnológicas e soluções sustentáveis no agronegócio foram apresentadas como formas de impulsionar a competitividade, mas também como parte de um compromisso ético com o meio ambiente e com as comunidades que dependem diretamente do setor.
Edneusa reforça a importância de levar a pauta ESG para discussões globais, especialmente com sua participação no Pacto Global da ONU. “Vou com a comitiva para assinar a adesão ao pacto em Genebra”, contou, referindo-se ao compromisso da Adial com as metas globais de desenvolvimento sustentável, que buscam alinhar o agronegócio brasileiro às melhores práticas internacionais.
A presença de lideranças negras e femininas em posições estratégicas no agronegócio não apenas contribui para diversificar o setor, mas também gera novas narrativas sobre o papel do Brasil como potência agroindustrial. Apesar de sua importância econômica, o agronegócio brasileiro ainda enfrenta desafios significativos no que diz respeito à inclusão de grupos historicamente marginalizados, tanto nas suas operações quanto na governança. A falta de representatividade nas esferas de poder dentro do setor pode levar à perpetuação de uma visão limitada, que não reflete a diversidade e a complexidade do país.
“A presença do agronegócio em nosso cotidiano é inegável, mas é essencial que o setor se transforme e reflita a diversidade de nossa sociedade”, destaca Edneusa, apontando que a transformação deve incluir não só inovações tecnológicas e melhorias produtivas, mas também uma mudança estrutural que abra espaço para mais mulheres, negros e grupos sub-representados.
A pauta ESG no agronegócio não pode ser restrita apenas à gestão ambiental; ela precisa incorporar práticas sociais que promovam equidade racial e de gênero, garantindo que as populações mais vulneráveis — frequentemente esquecidas nas cadeias de valor — sejam incluídas e beneficiadas. Além disso, a governança responsável e transparente é fundamental para assegurar que as metas sociais e ambientais sejam cumpridas.
A transformação do agronegócio brasileiro, com a adoção de práticas ESG, passa pela valorização da diversidade em todos os níveis, desde a produção no campo até as decisões estratégicas nas corporações. O envolvimento de lideranças como Edneusa Pereira Lins é um passo importante nessa direção, pois coloca a inclusão social no centro das discussões sobre o futuro do setor.
A participação de mais lideranças como Edneusa no agronegócio brasileiro indica um futuro mais inclusivo e comprometido com a sustentabilidade, garantindo que o setor esteja preparado para os desafios do século XXI. A sustentabilidade no agronegócio não se trata apenas de preservar o meio ambiente, mas de garantir que as comunidades locais, trabalhadores e a sociedade em geral possam prosperar junto com o crescimento econômico do setor.
Fonte: Mundo Negro