- 4 de setembro de 2024
African American young teenage boy having problems.
O mês de setembro é marcado pela campanha do Setembro Amarelo, uma iniciativa que busca conscientizar a sociedade sobre a importância da saúde mental e da prevenção ao suicídio. No entanto, enquanto a campanha ganha força em todo o país, é crucial abordar como a desigualdade racial agrava ainda mais os desafios enfrentados pela comunidade preta no Brasil.
A saúde mental da população preta é profundamente impactada por um histórico de exclusão, racismo estrutural e violência, que ainda hoje se manifestam de diversas formas. Estudos mostram que pessoas negras estão mais sujeitas a condições de vida precárias, menor acesso à educação de qualidade, ao mercado de trabalho formal e a serviços de saúde, especialmente quando se trata de atendimento psicológico e psiquiátrico.
Essas desigualdades estruturais resultam em um acúmulo de estresse e traumas que frequentemente não encontram espaço para serem tratados. O racismo, seja ele explícito ou sutil, contribui para um constante estado de alerta e para o desgaste emocional, fatores que podem levar ao desenvolvimento de transtornos mentais como ansiedade, depressão e, em casos mais graves, ao suicídio.
A falta de representatividade na área da saúde mental também é um fator crucial. A maioria dos profissionais da área não compartilha as vivências da população preta, o que pode levar a uma falta de compreensão e empatia nas abordagens terapêuticas. Isso, por sua vez, gera uma barreira adicional para aqueles que precisam de ajuda, mas não se sentem acolhidos ou compreendidos nos espaços tradicionais de cuidado.
Além disso, a comunidade preta enfrenta dificuldades em acessar serviços de saúde mental devido à discriminação econômica, que restringe o acesso a tratamentos privados, muitas vezes inacessíveis para a maior parte da população negra. O resultado é um ciclo vicioso de exclusão, onde aqueles que mais precisam de apoio psicológico são os que menos têm acesso a ele.
Durante o Setembro Amarelo, é fundamental que as discussões sobre saúde mental incluam a dimensão racial, reconhecendo que a desigualdade racial é um fator determinante para o bem-estar psicológico da população preta. Para efetivamente prevenir o suicídio e promover a saúde mental, é necessário combater o racismo em todas as suas formas e garantir que todos tenham acesso a cuidados de saúde mental adequados e culturalmente sensíveis.
A conscientização é o primeiro passo, mas é preciso avançar para ações concretas que possam reverter esse quadro. Isso inclui políticas públicas voltadas para a equidade racial, investimentos em saúde mental nas periferias e uma maior representatividade preta entre os profissionais de saúde mental. Somente assim será possível construir uma sociedade onde todos, independentemente de cor ou origem, possam ter acesso ao cuidado e ao bem-estar.