05 de dezembro de 2024, 21:21:57

Luminárias japonesas são retiradas do Beco dos Aflitos para resgatar memória negra na Liberdade


Luminárias japonesas são retiradas do Beco dos Aflitos para resgatar memória negra na Liberdade

Foto: Reprodução

O Beco dos Aflitos, na Liberdade, região central de São Paulo, passa por transformações que buscam valorizar a história negra do bairro. Após anos de pressão por parte de ativistas e entidades ligadas ao movimento negro, as luminárias japonesas foram substituídas por iluminação de LED, ressaltando o contexto histórico do local, que abriga a Capela dos Aflitos e um antigo cemitério de escravizados.

A retirada das lanternas Suzuranto, ícones da cultura japonesa, foi celebrada por organizações como a Associação Amigos da Capela. “Essa é uma reparação histórica, dando visibilidade à Capela dos Aflitos, patrimônio tombado que simboliza a resistência e a memória dos nossos ancestrais”, afirmou a entidade em nota publicada pelo portal g1.

A Capela dos Aflitos, construída em 1779, foi erguida onde antes existia um cemitério destinado a escravizados, indígenas e condenados à forca e antecede a relação da cultura japonesa com a região. O jornalista Guilherme Soares Dias, fundador do Guia Negro, destacou a importância da mudança. “A retirada das luminárias, que sobrepunham o significado do local, é um passo importante. Agora seguimos na luta pela sinalização turística, pela reforma da Capela e pela construção do Memorial dos Aflitos”, afirmou.

Em 2018, a descoberta de ossadas confirmou a existência do cemitério, até então documentado apenas em registros históricos.

Dois anos depois, a Prefeitura de São Paulo autorizou a desapropriação do terreno para a construção do Memorial dos Aflitos, que atualmente está em obras. A medida, no entanto, enfrentou desafios recentes: em novembro, parte de um prédio vizinho desabou sobre a área de escavação devido a uma obra irregular.

A Prefeitura afirmou que a substituição das luminárias foi uma resposta a pedidos de movimentos negros, buscando “equilibrar o respeito às diferentes camadas culturais e históricas do bairro”. As tradicionais lanternas japonesas permanecem no restante da Liberdade.

Fonte: Mundo Negro


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