- 27 de novembro de 2024
Foto: Divulgação
O Rei Tchongolola Tchongonga Ekuikui VI, soberano do Reino de Bailundo, maior grupo étnico de Angola, desembarca em Salvador pela primeira vez neste fim de semana. Sua visita visa reforçar os laços culturais e históricos entre Angola e o Brasil, com foco na contribuição da herança angolana para a formação da identidade brasileira.
O monarca será recebido no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab) neste domingo (24), onde participará de uma visita guiada à exposição “Raízes: Começo, Meio e Começo”, que explora a influência angolana na cultura brasileira.
A visita é um reencontro simbólico entre os angolanos e seus descendentes no Brasil. “Esse movimento reafirma nosso papel como um espaço de diálogo e preservação da memória que conecta o Brasil ao continente africano”, afirma Cintia Maria, diretora-geral do Muncab.
Ela destaca ainda a missão de conscientizar os brasileiros sobre a nobreza de suas origens africanas, representadas por figuras como rainhas e reis africanos, cujas lições de governança continuam a ser relevantes.
Luandino Carvalho, adido cultural da Embaixada de Angola no Brasil e diretor da Casa de Angola na Bahia, enfatiza o simbolismo da visita, que coincide com o mês da Independência de Angola, comemorada em novembro.
“O simbolismo desta digressão é reforçado por ser em novembro, mês da Independência de Angola, feito histórico reconhecido pelo Brasil em 1975. Não temos dúvida da importância desta visita como um momento de elevação cultural e espiritual”, afirma Carvalho.
A exposição “Raízes: Começo, Meio e Começo” celebra a herança dos angolanos, destacando a resiliência e espiritualidade do povo que, apesar da diáspora forçada, resistiu e prosperou. Jamile Coelho, curadora da exposição, explica que a mostra reflete a contribuição dos angolanos para a cultura da cidade e para a construção da identidade afro-brasileira.
“Trata-se de uma celebração à cosmovisão que, mesmo arrancada de seu território de origem, resistiu, floresceu e contribuiu para formar essa cidade, que hoje abriga o maior contingente de descendentes de angolanos fora da África”.
Composta por cerca de 200 obras de artistas negros, a exposição divide-se em cinco núcleos temáticos. O núcleo “Origens” destaca uma instalação de um baobá, simbolizando a sabedoria ancestral africana. O eixo “Sagrado” explora o culto aos nkisis, enquanto “Ruas” analisa a influência dos idiomas africanos no português da Bahia.
O núcleo “Bembé do Mercado” enfoca práticas de solidariedade, e “Afroturismo” celebra o protagonismo negro em mitologia e ficção científica. A exposição é uma homenagem ao legado cultural angolano, fundamental para a identidade baiana e brasileira.
Fonte: Muita Informação