- 26 de novembro de 2024
Foto: Divulgação
O Centro Cultural da Câmara Municipal de Salvador foi palco de um debate enriquecedor sobre a filosofia africana nesta quinta-feira (21). O evento, intitulado GRIOT: Filosofia Africana, a história que você precisa conhecer, reuniu acadêmicos, líderes religiosos e ativistas para discutir a importância das raízes africanas e sua contribuição cultural, social e econômica. Idealizado pela Dra. Isabel Guimarães, o encontro aconteceu no contexto do Mês da Consciência Negra, com apoio de lideranças políticas e sociais.
A programação foi aberta com a performance do cantor Nollasko, que trouxe a força da ancestralidade por meio da música. Durante a abertura oficial, o vereador eleito Felipe Santana destacou a relevância de iniciativas como esta em uma cidade como Salvador, que abriga a maior população negra fora da África. “Popularizar a cultura africana é uma ferramenta poderosa no combate ao racismo”, afirmou Santana, que também ressaltou a necessidade de melhorias na mobilidade urbana como forma de garantir o acesso das periferias aos espaços culturais e de lazer da capital.
A roda de conversa foi mediada por Isabel Guimarães e contou com nomes importantes como o professor Jayro Pereira de Jesus, a Iyalorixá Jaciara Ribeiro, o diretor da CENARAB Silvio Silva, e as líderes religiosas Mameto Laura Borges e Mara Borges. O debate abordou temas variados, desde a ausência da filosofia africana nos currículos escolares até o papel cultural e econômico dos terreiros de candomblé.
Mara Borges, mobilizadora social, chamou atenção para a relevância econômica das tradições afro-brasileiras, ressaltando que os terreiros produzem bens culturais como tecidos, artesanatos e instrumentos musicais, além de uma rica gastronomia. “Os terreiros produzem tecidos, artesanatos, instrumentos musicais e uma gastronomia riquíssima que gera renda e, consequentemente, promove igualdade”, afirmou Mara, destacando a comercialização desses produtos como um meio de empoderar a população preta e ampliar as oportunidades de inclusão.
A Iyalorixá Jaciara Ribeiro, por sua vez, fez um alerta sobre a persistente intolerância religiosa no Brasil. “Não existe bala perdida para os nossos quilombos e terreiros, existe bala direcionada”, declarou. Ribeiro também enfatizou a relevância do Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, celebrado em 21 de janeiro, como um marco nas denúncias de crimes contra comunidades religiosas afro-brasileiras.
O evento também buscou promover a educação como instrumento para desconstruir preconceitos e valorizar a diversidade. Ao abordar a filosofia africana e sua relevância no contexto atual, o encontro reafirmou a importância de iniciativas que coloquem em pauta a contribuição histórica e cultural da população negra.
O GRIOT: Filosofia Africana consolidou-se como um espaço de reflexão e diálogo indispensável para Salvador, uma cidade marcada por sua riqueza cultural e histórica. A iniciativa reforça a necessidade de valorização das raízes africanas como caminho para um futuro mais igualitário e inclusivo.
Fonte: Muita Informação